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Eu, definitivamente, não sou o indivíduo mais indicado para tratar do tema. Aliás, sequer sei se há alguém capaz de exauri-lo, a ponto de alcançar satisfatória definição, qualificação e identificação.
Refiro-me ao amor, na minha parca e nada merecedora de atenção concepção, a sublimação, pelo amadurecimento, do sentimento que na gênese fora paixão. Esta, cega e capaz de avassalar, pois juvenil, incauta e até inconsequente ao ponto de pela embriagues sintomática fazer com que o apaixonado ignore, ou mesmo tolere, as incompatibilidades, vícios ou defeitos no ser desejado. Aquele, mais sensato, sólido, emergido após conhecimento pleno e reconhecimento de que o ente amado não é, e nem pode ser, portador da perfeição, o que, contudo, não afasta a amorosidade, mas, pelo contrário, tantas vezes, são os considerados defeitos quem constroem as peculiaridades a alicerçar o nascido, nutrido, dedicado e desfrutado sentimento.
Por exercício inverso, mesmo que propalado o amor em alto e bom tom, audível a todos, pode-se, ao menos analisar o quanto há de real e verdadeiro na sua veementemente sustentada existência. Ora, todos sabemos que, em que pesem as palavras, ele, o amor, se materializa por atos, voluntários e involuntários, conscientes e inconscientes.
Assim também, o amor à Pátria, que tal qual entre os indivíduos, não pode se resumir à apenas afirmações soltas aos ventos, mas se efetivar pela postura, sob pena de, assim não sendo, redundar em mero dizer.
Que amor é esse que apesar de bradado, quando das atitudes, só faz realce, ou só faz ver no ser ou ente dito amado, suas supostas falhas e, pior, apesar do conhecimento pretérito de seu histórico, a tudo e em tudo tem de ser somente criticado e alterado?
Em lugar de uma conversa intima, um dos ditos amantes prefere fazer público seu desgosto por tudo o que condena no outro, sem, assim, propiciar outra coisa que não o descrédito e o desapreço pelos terceiros, já que aviltado por quem mais do que lhe conhecer, diz lhe amar.
É ao que o dito amado Brasil tem sucumbido, pois nada nele é enaltecido, enquanto tudo é desacreditado. Aquele que lhe jurou amor só vê, só aponta, debilidades na "Pátria amada".
Seus professores são ditos vagabundos, seus estudantes ditos maconheiros, seus artistas ditos bandoleiros, seus políticos ditos bandidos, suas instituições, de qualquer natureza, ditas amotinadas em favor da ilegalidade. Governadores de Estados da Federação são ditos chagas nordestinas.
O povo, por sua vez, não requer sequer sensibilidade, pois não passa fome de verdade, sendo os 13 milhões de desempregados e miseráveis que sobrevivem com renda mensal pouco acima de R$ 90,00 per capita mera fábula da imprensa nacional que, aliás, também não vale muita coisa na sua concepção publicada.
A vizinhança é perigosa, demandando afastamento cauteloso a assegurar descontaminação de costumes daqueles povos dos países fronteiriços.
O amor paterno, este sim, incontestável à luz das observadas atitudes, faz com que ao pretender servir filé ao filho, tal represente mandá-lo para fora do País. Não ficar aqui, exercendo o mandato para o qual se candidatou e, assim recebeu a maior votação entre os parlamentares ungidos à Câmara Federal. Afinal, ficar não é pedaço de carne de primeira e, o corpo diplomático, mesmo oriundo da mundialmente conceituada Escola de Rio Branco também não é lá essas coisas, portanto incapaz de fazer frente à representação lá, onde, então sim, se localiza o paraíso.
Não prego o divórcio, mas discutir a relação. Afinal, onde há amor, há diálogo, não é mesmo?